Por James Roosevelt da Silva Rodrigues - Técnico de Enfermagem / Base Manaus
Em minhas primeiras viagens para a Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, onde tudo era novidade, ocorreu um voo que, para mim, foi inesquecível! Na manhã deste voo, o frio na barriga comum em viagens de avião tornou-se imperceptível e a única sensação que predominava era de euforia e ansiedade de chagar à sonda... Estava uma manhã ensolarada e com poucas nuvens, e a decolagem ocorreu dentro da normalidade.
Aos dez minutos de voo, um pouco antes do serviço de bordo dar início, uma mensagem da cabine de comando da aeronave fez crescer os pequenos murmúrios, normais nesses vôos curtos em sua primeira hora de voo: - “Senhores passageiros, bom dia, comandante falando diretamente da cabine de comando, para passar algumas informações sobre nosso voo” - até aí, tudo normal... Imaginei que seria comunicada a velocidade de cruzeiro, clima, meteorologia, porém o que ouvimos foi a seguinte expressão: - “ Essa aeronave possui dois motores: um principal na asa direita, e um escravo na asa esquerda”. Companheiros, acompanhem comigo o que veio no meu pensamento: “TÁ ERRADO!, falar de motor?”.
O comandante então continuou: -“informamos que nosso motor principal está apresentando um pequeno problema, que não prejudicará o voo, porém irá proporcionar um pequeno desconforto sonoro”.
Me perguntei: "como assim?" - dei uma pequena espiadela para baixo e vi que estávamos muito alto, outra espiadinha para frente da aeronave e percebi que apenas alguns passageiros mais “destemidos” estavam comentando frases de coragem, frases que alguns minutos depois davam lugar a um enorme silêncio. Foi servido o lanche e aquele refrigerante descia com muita dificuldade, porém, alguns minutos depois, novamente o comandante com ar de graça e bom humor: -“atenção senhores passageiros, novamente diretamente da cabine de comando, gostaríamos de informar que o problema no motor continua, porém como estamos na metade do caminho para a Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, seguiremos para os próximos quarenta e cinco minutos de voos restantes. Por sua atenção, obrigado”.
Foram os quarenta e cinco minutos de voo mais demorados que já vivi, porém, apesar do desconforto sonoro, não houve qualquer susto ou intercorrência em nossa viagem. Pousamos, fizemos o briefing, e ao caminharmos em direção ao hangar dos helicópteros e ao passarmos pela sala de embarque, ainda pudemos ouvir alguém comunicando o ocorrido à turma que iria embarcar, dizendo que estava tudo bem.
O avião decolou sem problemas, também embarcamos no helicóptero com destino à sonda, mas, ao taxiar, o avião precisou pousar, porque com dez minutos de voo, e por decisão dos pilotos, precisaram voltar e desembarcar os passageiros, seguindo depois somente com a tripulação para Manaus. Assistimos tudo do helicóptero, que aguardava em uma área afastada da pista, a autorização dos controladores para prosseguirmos viagem.
A turma que estava no avião com destino a Manaus conseguiu embarcar às 19h deste mesmo dia.
Que aventura!!!
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