quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Os desafios do infinito verde

Por Rafael Bruno Cardoso da Silva - Assistente de Gerência Operacional QG-IX


O Petróleo nunca me surpreendeu. Nunca fiquei impressionado com as unidades de bombeio trabalhando sem parar, com os pequenos kick´s que pintavam de preto o mastro que acabara de ser limpo, com a complexidade dos perfis de produção que conseguiam definir com exatidão se em determinada formação havia ou não hidrocarbonetos...
O que sempre me surpreende é o ambiente onde buscamos óleo e
como nos adaptamos a este ambiente!

Apesar de ter quase uma década de trabalho ligada à exploração e produção de petróleo, o máximo que consegui me deslocar para chegar ao trabalho / sonda foi duas horas e meia. Ao ser convidado para o projeto da QGOG no Amazonas, percebi que os desafios iriam além da técnica e da engenharia.

Era um desafio geográfico!

Chegar até Manaus em si já em uma viagem surpreendente. Imaginar a Amazônia dos livros de geografia na escola ou até mesmo nos documentários televisivos de sexta à noite não se aproxima da experiência de sobrevoar e chegar a Manaus.

Contudo, o desafio ainda não é chegar à capital Amazonense, ele apenas inicia no aeroporto.
O desafio é prover mão de obra local em um local onde a cultura de exploração de petróleo perde para a cultura dos parques tecnológicos e das montadoras, manter equipamentos funcionando em condições adversas de umidade e temperatura, controlar a logística de envio de materiais e pessoas para distâncias superiores a 600 km, garantir uma manutenção eficiente sem que haja a possibilidade imediata de se enviar um componente danificado para a sonda... Ufa!!!

Os desafios não acabam! No meu primeiro embarque, me surpreendi com a imensidão da floresta.
Estava acostumado a ver no horizonte um mar sem fim. Era uma imagem que me remetia ao infinito. O mar me dava a sensação de infinito... Hoje, observo de dentro dos helicópteros e vejo um outro infinito um infinito verde!

Ao chegar à sonda, observei que ficamos fisicamente isolados do resto do mundo. Somos uma clareira no meio daquele infinito verde. Buscando hidrocarboneto, trabalhando com tecnologia, com uma estrutura de conforto e comunicação impossível de se imaginar para nossa localização geográfica. A tecnologia nos ajuda mais uma vez.

Vivemos em comunidade nestas locações. Não se discute diferença de crenças, etnias, regionalidade, cultura e conhecimento. Este é um ambiente de um único objetivo: Sucesso!
Nesta comunidade, não temos compromisso com o erro, com o retrabalho. Nesta comunidade, não temos nossos familiares convivendo conosco, mas temos colegas de trabalho que usufruem o mesmo tempo desprendido para a família, ao trabalho. Nesta comunidade, somos mais que funcionários, somos vencedores! Vencemos o calor, o frio, o cansaço físico, mas principalmente vencemos a saudade de nossa família.

Contudo posso afirmar que ao término do primeiro embarque, o retorno para a família é muito diferente. A saudade dá lugar ao acolhimento, o frio se anula com o calor dos abraços nas pessoas que amamos e sobretudo voltamos com a certeza que o desafio foi novamente superado e que pertencemos a um grupo seleto de profissionais que conseguem chegar ao extremo dos sentimentos e com esta superação elevam o nome da Queiroz Galvão aos patamares mais altos da perfuração em áreas remotas. 

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